segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sobre o presente, um conto de presente

"Foi-se o caso em que era uma vez numa terra distante a moça. A moça era. Era tanto que excedia em ser, e se atrapalhava toda em estar."

Por Talita Prates.
Para mim. 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Absinto

Só sei que nada sinto! Sinto o nada. Só.
Às vezes, tenho a sensação de que viver é mais do que posso, de que a dor sentida é mais do que suporto sentir.
Quando tudo se esvai, o mar desemboca no rio, que sucumbe por não suportar sua densidade. Doce alma, salgada desalma. Um nada cheio de tudo, um todo ausente, silente. Mar morto.
Pudera minhas lágrimas traduzir em palavras a dor que me rasga o dentro, muito embora eu desconheça palavras que correspondam com exatidão às dores. Na verdade, nem sei se existe algo que expurgue a dor de um coração.
Uma das provas de que Deus não nos fez, está na ausência de portas em nossos corações.  - Me faça sofrer e eu lhe fecho a porta! Diante da dor, eu fecho a porta. Divino seria, humana sou.
No desespero de sentir, espero a dor partir. “Tout va passer” soa como um mantra.
Não tenho medo do abismo. Conheço bem suas ruas e esquinas escuras. O que me amedronta é a zona do meio, esse mal-estar cujo frisson letárgico me antecipa a sensação de morte.
Estar viva sem viver, existir pela metade. Existência hiata, inata a quem respira vazios e angústias. Nós que não se desatam. Eu, você, nós!
Linhas que não mais se cruzam. Restos de retas arestas!
No mínimo do que sou, a minha máxima intensidade.
Sepultados ontens, ressuscitados no amanhã, com instantes de saudades distantes.
Um ponto. De encontro. – reencontro. O ponto de partida, que me arrepia a alma e faz com que eu sinta, que absinto.