Não há dor maior que a dor da impossibilidade de um
coração, que sonhou com o céu de outra alma, que viajou por mundos e derrubou
muros para estar perto. Sonhou sozinho uma realidade acompanhada. Um coração de
partidas, idas e vindas trazendo o outro. Viajante, mas seguro do ponto de
encontro: o tão sonhado e desejado (outro) coração*.
Viver da ilusão de tornar possível o impossível foi o
desafio constante de manter viva a esperança. Tantas vezes pareceu haver
escutado respostas; tantas outras pensou haver entendido sinais. Eram ecos
ilusórios, miragens que se vê quando se atravessa os desertos da alma.
Cedo ou tarde a realidade seria deflagrada.
O coração chora lágrimas que desembocam num mar. Morto.
Acabou a vida dos sonhos. Bem me avisara o luto que tanto neguei. Difícil pensar num esvaziamento, numa ruptura
de algo que se tornou parte da essência de um todo.
Nas lágrimas, todo o não dito, escrito, vivido. Densas
lágrimas correm pelo rosto triste de quem, logo mais, terá que sorrir.
O coração está morto e, hoje, chora todas as suas
mortes. Sem fim.
* Um outro coração pessoal; o outro coração do outro? Eu não sei.