Como lidar com os olhos
que só enxergam a opressão? Excessos de realidade? Acessos à existência
imaginária de uma ilusão excessivamente real?
E quando se acredita em
um abismo imenso, mas que pode não ser tão grande assim? Apega-se à
possibilidade (sem garantia alguma) de encontro com a dúvida?
E quando a vontade de
morrer é maior que a de respirar, vale a covardia de não prender a respiração?
Como lidar com os
choros que não acontecem? Inundam por dentro até o limite de não mais conseguir
parar de chorar?
Lágrimas áridas sempre
permeiam existências desérticas.
Um oásis de mortes
específicas para quem não deseja sucumbir.
E quando a solidão é
uma das maiores dores, mas você se fecha, enclausura e impede o acesso dos que
gostam de você, ou os agride até se afastarem? Quer ou não quer cia.? Quer, mas
expulsa? Não quer, mas pede colo?
Não é nada, tudo é
muito pouco. Nem um nem (o) outro. O que fica.
Transbordos indicam o
caminho de uma existência que vai além. Do limite à borda. Além da borda.
Compassos harmonizam o
tempo à lógica do efêmero. Descompassos agridem a melodia da história. A alma
canta o que a narrativa da vida faz questão de ferir.
O tempo não permanece.
Permaneçamos nós.
O caminho é estreito. A
alma engorda com o tempo.
Algum dia não haverá
mais para onde correr, tampouco passar, sentir, insistir, desistir. Será o fim.
Do que foi bom. Do que é caos. Da (v)ida.