sábado, 5 de novembro de 2011

O não – lugar


Casulos que não geram borboletas, o que tanto protegem?
O medo da dor de não ser amor; um não-amor que ocupa todos os lugares vazios; um amor preso nas lembranças que nunca foram, mas foram embora.
O medo de voar esconde quedas e feridas de antigos voos.
As algemas me fazem gemer no escuro, por aquilo que um dia desejei, mas despejei no tempo, no espaço de um tempo, hoje, sem lugar.
Espremo a esperança e a ilusão que me falseia a realidade. Sobra espaço, mas não há lugar para trazer de volta, o que por ora se perdeu em longas horas de espera.
Espero, desespero e no mesmo ato, desato o que é falho. Mentira, que finjo ser verdade. Mando embora de mim no exato instante em que imploro pra que não demore a voltar.
Não mais arrisco e assumo o risco de perder as chances de um vir-a-ser, que se fosse, já haveria sido.
E o que me resta é o não – lugar de uma alma descabida, que jogou fora tudo o que fora aprisionado.
Num único grito, engulo a chave. Um dia a vomito.
Um dia aprendo a rir da dor que me desfaz e a faço sofrer no meu lugar, no não-lugar que lhe compete.
Como uma borboleta que vive sem asas, oriunda de um casulo vazio, sem lugar.

7 comentários:

meninamar disse...

Que lindo seu blog!!! Bela companhia nesse domingo silencioso. Beijos. Mardoida rs

Alicia disse...

Eu sou um casulo. Bem bonito. Mas casulo.

Carina B. disse...

"E o que me resta é o não – lugar de uma alma descabida, que jogou fora tudo o que fora aprisionado."

Doeu em mim. E, curiosamente, hoje escrevi sobre um lugar, lá.

Sincronicidade?

Luana Barcelos Dantas disse...

Gostei muito do seu blog...estou ficando...gosto da sua profundidade...
Beijos
Luana Barcelos

Luana Barcelos Dantas disse...

Esqueci...venha conhecer meu blog também...
Beijos
Luana Barcelos

Andressa disse...

Eu nem sei se sou borboleta ou passarim ainda, acho que perdi a vontade de voar.

Loridane disse...

Já percebeu que nossa alma por vezes está tão cheia de feridas, mágoas e dores supostamente curadas que é preciso apertar qualquer outra coisa que possamos absorver.

Até felicidades que não se desenvolvem por falta de espaço.

Seu texto é mais que poético, rasgou delicadamente partes do meu peito por pura identificação.

Sobretudo a parte das borboletas. Adoro elas. Me confundo com elas e as considero metáforas perfeitas.


Voltarei sempre.

Bjos

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