No momento em que percebeu que aquele era seu último suspiro, prendeu a respiração. Não queria ir, embora fosse impossível permanecer. Suas últimas palavras não poderiam ser dirigidas a uma enfermeira
assustada, sua única companhia.
assustada, sua única companhia.
Engoliu a fala. Restos de uma vida reduzidos em um leito de morte, sinalizados por um único fio condutor, que já não sustentava seu corpo. Não aguentou segurar o ar e, com um amargo sopro, faleceu. Morto, assistiu ao filme de sua vida. Metade era censurada. A outra metade, memórias inventadas. Morreu em si o que nunca fora vivido. Talvez, enfim, pudesse nascer de novo.
7 comentários:
Morte e vida estão entrelaçadas e mais próximas do que imaginamos.
Não é tênue a linha.
Existir não basta, viver nem sempre é possível.
Que possamos ter coragem de não desperdiçar essa chance, hoje.
Um beijo sua lindeza.
Vida e morte, tão juntas. Tão dentro. Às vezes morremos tanto, tantas vezes, mas, só percebemos depois, já (re)nascidos.
Um beijo.
Às vezes deixamos morrer tantas coisas para que possam viver.
Outras tantas carregamos de vida para que nunca morram, para que caibam em um suspiro.
Bjos.
Que não seja fim. Que seja fênix.
Um beijo, Nan.
E o que era cor, virou cinza.
O que era pranto, virou manto.
E o que é a vida se não uma morte cotidiana?
Gostei muito do texto!
Ai, Nanda!
Seu texto me doeu como a dor que ele escancara, que é dor de parto. Que é dor de todas as pequenas mortes que - embora mortes e, por isso, dolorosas - são tão necessárias quanto o é respirar. Às vezes, pra matar uma dor é preciso morrer com ela.
"Porque eu preciso morrer, sempre, todos os dias – audaciosa e voluntariamente. Então escrevo. E ninguém percebeu, além de mim, mas acabei de nascer. De novo." Escrevi isso, um dia. E, hoje, pude sentir novamente cada uma dessas letras.
Linda, você. Obrigada por escrever.
Um beijo.
Nanda, seu texto me lembrou a crueza do livro "Uma duas" da Eliane Brum.
Leia, por favor, sério. É muito o seu texto. Imagino que vc deva gostar muito.
Beijos.
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