quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Só, corro

Recebi um convite lindo de uma amiga (Carina - @destempero), para participar da 'Confraria de Verão', do blog Confraria dos Trouxas. Escrever no meio de tantas feras foi um desafio que, confesso, me assustou um pouco. 
Mas, é uma honra pra mim estar lá! E quanto ao blog, super indico! 

Abaixo, o texto que escrevi especialmente pra Confraria.



Quando estou só, eu corro. Fujo de mim em busca de um alguém que não encontro.
Entre ruas desertas, ecos sombrios de almas que vagam, grito por socorro. – Socorro! Ninguém me ouve. ... Você me escuta?
Corro ainda mais, estou só. ... Você me segue escondido?
Sei que não fiz nada, mas devo pedir desculpas por te amar tanto assim? ... Você me ama? Não se desculpe.
Não temo a solidão de ser sozinha, mas tenho medo da solidão de não ter você comigo. Sua ausência é o meu maior fantasma.
Solidão maior é o descompasso de não saber sentir. Eu sinto tanto, que já não sinto mais nada. Meus excessos me anestesiam e consomem. Existo mais do que posso. 
Hoje eu não sinto nada, mas sei que o nada passa. Um dia voltarei a transbordar com o receio de sucumbir por não suportar a densidade do mar que desemboca em um frágil rio.
Hoje, mar morto. Amanhã, não sei.
Por ora, o breu me consome, mas talvez exista luz em algum lugar no meu dentro. Os buracos são profundos e precisarei encontrar sozinha. ... Sozinha não, me ajuda?
Pior do que não sentir nada, é sofrer com a inexistência de sentidos. Eles existem, mas não sei quais são. Sei, mas não os encontro ou procuro. Busco, mas não os quero.
Uma existência dialética? Não! Apenas uma alma inquieta que não se acomoda ao que existe. ... Por ser assim, eu te incomodo?
Sou complexa, eu sei. Mas, sou apenas complexa. E isso é simples.
Desacelero o passo. Permaneço só. Ando só. Eu, que quando só, corro.
Recorro ao tempo, que não cura, mas ameniza pela distância que cria entre o fato e o sentimento. Fatal. Não conseguirei ir se não vier comigo.
Vou te esperar.
Fica aqui. Sem adeus. Ai, deus.

8 comentários:

Fabrício César Franco disse...

Que seus textos se espraiem por muito mais lugares, blogs, revistas, livros, todas as mídias.

Bom ler você.

Beijo!

Paulo Eduardo da Rocha disse...

Linda de ler!

Renata disse...

Oii Nanda, quero te dizer que ameei o seu blog e q é claro q eu to seguindo, bjos

Te convido para conhecer o meu blog e se gostar me segue, ficarei muito grata

http://toquaseprontaprasair.blogspot.com/

Dani Lusa disse...

Eu poderia escolher as mais belas palavras para dizer o quanto me vi neste texto, mas você as usou todas. Dentre todos os trechos que poderia destacar, "existo mais do que posso" é o que melhor me define.
Lindo, imensamente lindo.

Talita Prates disse...

(Nan, tenho um pedido. Como mudei o domínio do meu blog para http://www.historiadaminhaalma.com.br , gostaria de lhe pedir que atualizasse esse endereço no rol dos blogs elencados e indicados no seu blog.
Bjo,
Tá.)

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
É um grande prazer conhecer seu blog e poder ler o que escreves.
Acredito que quando escrevemos com prazer conquistamos amigos e fiéis amantes das palavras. Sabemos o quanto é difícil levar a nossa voz, as nossas angustias os nossos sonhos às pessoas. Mas o mais importante é saber que você e eu gostamos daquilo que fazemos.E acreditamos que o mundo pode se tornar bem melhor através de nossos escritos.
Grande abraço
Se cuida

Atemporal disse...

"Por favor, uma emoção pequena... Qualquer coisa que se sinta. Em tantos sentimentos deve ter algum que sirva."

Já não sei se é menos complexo sentir ou deixar de sentir... estar ou deixar de estar... olhar minha própria vida com o olhar do outro ou vivê-la dessa forma...
Será que é mais simples correr e deixar alguns passos pelo ar?! Ou caminhar lentamente contando um por um?!
Ou seria melhor em certos casos ir de encontro aos passos já dados pra saber se esses que, por ventura tenham sido deixados pra trás, não carregam em si algum desses sentidos que me fizessem acreditar que essa busca não é em vão?!
Talvez nessas "pausas" ignoradas dos passos mais arredios, possam se esconder algumas partes desse insano quebra-cabeça.
Mas...será que o desejo de encontrá-lo é real?!
Não sei. Não me dou mto bem com os "fins".
Prefiro as continuidades. A inquietude que faz acontecer o movimento, a transformação(...).

Iron Woman. disse...

Vagando por aí, li o seu texto lá.
E chorei... Sentindo cada palavra do que está escrito e acontecendo ao mesmo tempo.
Chorei de novo ao lê-lo aqui e, provavelmente, chorarei quantas vezes mais forem necessárias.
Obrigada por tê-lo escrito.

Monique.

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